28/07/2004 14h07 – Atualizado em 28/07/2004 14h07
Um grupo de cientistas do Reino Unido apresentou na terça-feira o projeto que pretende ser a arca de Noé do século XXI, pretendendo preservar o DNA de espécimes animais em perigo de extinção, e que poderia ser utilizado no futuro para cloná-los.
A clonagem, entretanto, não é o objetivo principal da “Arca congelada”, como é chamado o projeto, mas mesmo assim há paralelos entre essa galeria genética com a idéia por trás de “Jurassic Park”, filme de Steven Spielberg no qual os dinossauros retornam à vida graças à engenharia genética.
O “Arca congelada”, que conservará o DNA das espécies a 80 graus abaixo de zero, pretende ser um banco de dados para que novas gerações de cientistas possam traçar seu código genético e, em casos excepcionais, talvez realizar sua clonagem.
A professora Anne McClaren, diretora da comissão supervisora, não descartou que a informação genética possa ser usada para recriar uma espécie por determinadas razões, mas insistiu na motivação ética da iniciativa.
“Acho que Noé estaria muito orgulhoso deste projeto – disse. – “Sempre me pareceu errôneo e triste que as espécies sejam extintas sem nem sequer deixar seu DNA para que possa ser seqüenciado”.
As primeiras amostras de espécies em perigo de extinção como o cavalo-marinho amarelo entre outros já foram armazenados no Museu de História Natural de Londres e na Sociedade Zoológica, que acolherão espécies de mamíferos, insetos, aves e répteis.
Amostras também serão conservadas em outras partes do mundo, como o Centro para a reprodução de espécies em perigo de extinção de San Diego (EUA) e o Centro australiano de armazenagem de Genes de Animais.
O projeto britânico, coordenado pelo Instituto de Genética da Universidade de Nottingham (norte da Inglaterra), dará prioridade às espécies que possam extinguir-se em um período de cinco anos e às que sobrevivem em cativeiro.
O “Arca congelada” pretende receber amostras de DNA de todo o mundo. Os cientistas calculam que nos próximos trinta anos milhares de animais poderiam desaparecer, incluindo 1.130 espécies de mamíferos e 1.183 tipos de aves.
Phil Rainbow, conservador do departamento de zoologia do Museu de História Natural de Londres, disse que o ritmo de extinção de animais é nesse momento o maior na história da Terra, o que forma uma situação “desesperadora”.
O professor da Universidade de Oxford Alan Cooper, integrante da comissão supervisora do projeto, está convencido de que, em alguns anos, o DNA será usado para a clonagem.
“Quem sabe para que poderão ser usadas estas amostras no futuro. Acho que pode haver casos, como, o do tigre, em que pode valer a pena favorecer a clonagem frente à extinção”, argumentou.
Mas para algumas organizações defensoras do meio ambiente esta nova arca glacial não é a solução do problema.
“Embora não estejamos contra a idéia, não é uma solução prática para proteger a biodiversidade. O mais importante é proteger o hábitat das espécies”, declarou um porta-voz da associação Amigos da Terra, Roger Higman.
Fonte:EFE