22/07/2004 07h55 – Atualizado em 22/07/2004 07h55
Embora seja uma atividade ainda pouco desenvolvida pelos produtores rurais, a apicultura vem despontando como uma promissora alternativa econômica para o Pantanal. As oportunidades e os desafios desse segmento foram o tema do dia de campo, realizado no último dia 17 de julho, na Fazenda Nhumirim, propriedade da Embrapa Pantanal, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O evento teve como objetivo apresentar as pesquisas em andamento neste centro, ressaltando os potenciais benefícios econômicos da consolidação da produção de mel e, possivelmente, de outros produtos apícolas para as propriedades rurais da região pantaneira.
O pesquisador da Embrapa Pantanal, engenheiro agrônomo Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis, destacou que a apicultura na região é favorecida pelas peculiaridades do meio ambiente, podendo ser perfeitamente associada às ocupações econômicas atualmente desenvolvidas nas propriedades rurais. “O produtor pode consorciar áreas dentro de sua fazenda, implementando simultaneamente as duas atividades (bovinocultura e apicultura) durante o ano inteiro, de forma rentável e produtiva”, disse Reis, ressaltando que, no Pantanal, a principal atividade econômica é a criação extensiva de bovinos de corte, sendo que a agricultura é restrita a pequenas áreas, geralmente para atender à subsistência dos próprios produtores.
Além disso, a apicultura apresenta diferenciais competitivos em relação a outros tipos de ocupação econômica, entre eles a reduzida exigência de capital inicial e retorno financeiro em curto prazo. Outra vantagem dessa atividade, destacada pelo pesquisador, é o baixo impacto ambiental resultante do seu desenvolvimento, quando comparada a outras atividades produtivas do meio rural, pois quando realizada de forma racional, ocupa o ambiente causando impactos extremamente reduzidos. Mesmo com todos esses benefícios, a apicultura ainda carece de investidores. Para que ganhe importância regional é necessário que a produção seja constante gerando oferta para abastecer o mercado, sendo o associativismo uma boa opção para atingir essa meta.
O consumo per capita de mel no país ainda é muito pequeno se comparado com outros países. Estima-se que os brasileiros consumam em média 60 gramas de mel por ano, enquanto que a média anual entre a população suíça gira em torno de 1.500 gramas por pessoa. “O brasileiro considera o mel apenas como um medicamento natural, enquanto o mel é um alimento natural rico em carboidratos fundamentais para a reposição de energia ao corpo humano”, ressalta Reis. Atualmente, os países que balizam o mercado internacional de mel são os EUA e a Alemanha, sendo os maiores importados do produto, já a China e a Argentina são os maiores exportadores.
Além do preço e da qualidade, outra possibilidade de agregar valor ao produto está na mudança do sistema convencional de produção para o sistema orgânico. Mas para que isso ocorra, Reis destacou que os produtores necessitam atender as alterações propostas pela instituição certificadora do produto, o que implica em ajustes no sistema produtivo. O pesquisador também acredita que a origem do produto seja outro fator diferencial, que o torne mais atraente ao mercado.
A abelha africanizada (Apis mellifera scutellata) é a mais aproveitada economicamente no Pantanal por apresentar-se amplamente distribuída na região, poder atingir elevado nível populacional, coletar resinas, pólen e néctar em grandes quantidades de grande variedade de plantas (mais de 1700 espécies) que florem praticamente durante o ano todo, entre outras características que possibilitam a produção de mel com excelente nível de qualidade comercial.
Hoje, a produção apícola é baseada quase que exclusivamente na produção de mel, sendo muito reduzido o aproveitamento dos demais produtos diretos da apicultura, tais como: geléia real, pólen, própolis, apitoxina e cera.
Fonte:Dourados News