05/05/2004 08h02 – Atualizado em 05/05/2004 08h02
A superlotação dos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) provocou mais uma audiência no Ministério Público. Ontem, havia carência de 28 leitos em Fortaleza.
Depois de duas horas de reunião, a equipe, formada por diretores de hospitais, representantes das secretarias de Saúde, do Conselho Regional de Medicina e a promotora de Justiça em Defesa da Saúde Pública, Isabel Porto, chegou à conclusão de que a solução para o problema é aumentar de 115 para 216 o número de leitos de UTI neonatal no Ceará.
Desde janeiro, a diretora da Meac, Zenilda Bruno, vem buscando soluções para o problema a fim de evitar que o episódio de 2002 se repita. Naquele ano, 16 bebês morreram, após contraírem infecção hospitalar ocasionada pela superlotação no local.
De acordo com a diretora, ontem, a Meac tinha 26 bebês internados na UTI neonatal, onde a capacidade é de 21 incubadoras. No último sábado, dia 1º, o número de incubadoras do hospital, 30, também foi ultrapassado: havia 31 bebês na UTI, sendo que um estava em um berço aquecido. Segundo Zenilda Bruno, os 21 leitos da UTI neonatal e os 30 da Unidade de Médio Risco estão sempre superlotados.
A situação no Hospital Geral César Cals (HGCC) não é diferente. Ontem, segundo o diretor Ernani Rodrigues, 29 bebês estavam internados onde só deveriam estar 21, e nove recém-nascidos que estavam na Unidade de Médio Risco deveriam estar na UTI. De acordo com ele, o HGCC tem uma taxa de ocupação de 143% na UTI neonatal, enquanto que os hospitais particulares têm uma taxa de ocupação até menor que 50%.
Mesmo a situação sendo arriscada para os recém-nascidos, a equipe que participou da audiência não conseguiu encontrar uma solução eficiente imediata por causa de uma série de itens que afeta ainda mais a situação. A carência de estrutura, de equipamentos e recursos humanos são alguns dos agravantes que precisam ser resolvidos antes da implantação de novos leitos nas outras duas macrorregiões do Estado.
Dos 101 novos leitos de UTI neonatal que o Ceará precisa para solucionar o problema, 43 deveriam ser implantados na região de Sobral e 26 na região do Cariri. Hoje, Sobral não tem leito de UTI neonatal, enquanto o Cariri tem apenas sete, num hospital particular. Em Fortaleza, deverão ser acrescidos 39 leitos.
Para delimitar as necessidades de leitos de UTI neonatais e as necessidades específicas de cada região, uma comissão foi criada com representantes da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) e do Município, da Central de Leitos, da Comissão Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedca), do Conselho Regional de Medicina (Cremec), além de diretores de alguns hospitais. O primeiro encontro da comissão acontecerá na próxima terça-feira, dia 11.
Como medida urgente, a Secretaria da Saúde de Fortaleza e a Secretaria Estadual vão se reunir para tentar negociar com os hospitais privados a possibilidade de contratar alguns de seus leitos e estudar a possibilidade de implantação de leitos nos hospitais Nossa Senhora da Conceição, Gonzaguinha da Barra do Ceará e Gonzaguinha de Messejana. Uma resposta será dada ao Ministério no dia 11. Além disso, uma equipe vai visitar os hospitais de Maracanaú, no dia 13, para conhecer as possibilidades de se implantar leitos nesses locais.
Fonte:O Povo