13/12/2003 11h21 – Atualizado em 13/12/2003 11h21
Após nove horas de julgamento, o cabo PM Hércules de Araújo Agostinho foi condenado na tarde de ontem, no Fórum Criminal de Cuiabá (MT), a 18 anos de reclusão, pelo assassinato do empresário Sávio Brandão, dono de jornal na capital de Mato Grosso. Essa foi a terceira condenação de Hércules e a soma das penas dos crimes cometidos (um em Várzea Grande e dois em Cuiabá) já chega a 38 anos e 6 meses.
Hércules disse que se arrepende dos crimes praticados e se pudesse voltaria atrás. “Calculo que serei condenado a pelo menos 140 anos”, disse Hércules à imprensa logo após a sentença, ao se referir a outros crimes pelos quais ainda será julgado. Entre esses crimes, ele admitiu no interrogatório que matou três rapazes a mando de Arcanjo. Os jovens teriam furtado de algum negócio de Arcanjo R$ 500.
Segundo o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Mauro Zaque, estas mortes fazem parte de cinco crimes cometidos por ordem de Arcanjo e que estão sendo investigados pela polícia. Que Hércules seria condenado ele próprio sabia, já que era réu confesso. A questão era saber como os jurados decidiriam em relação ao que pedia a acusação – condenação por homicídio duplamente qualificado e crime à traição com recurso que dificultou sua defesa.
No fim, prevaleceu o entendimento dos jurados de que Sávio foi morto de surpresa. O homicídio com estas duas agravantes rendeu uma pena de 15 anos, que foi somada a mais 3 anos e 6 meses por porte ilegal de armas. Por entender que Hércules confessou espontaneamente o crime, o juiz reduziu a pena em 6 meses.
Durante o interrogatório de Hércules, a principal novidade em relação a tudo o que ele já dissera em depoimentos foi a tentativa de isentar o amigo Fernando Barbosa Belo, que, conforme o inquérito policial, pilotou a moto na tarde de 30 de setembro em que Sávio foi morto. Ele repetiu ao juiz a versão que apresentou ao Gaeco, logo após sua prisão em Machadinho D´Oeste (RO), que o piloto era alguém chamado de “Grande”. Já para a juíza Maria Aparecida Ferreira Fago, em setembro, ele confessou que foi seu amigo Fernando Belo que o conduziu até o local do crime.
Diante desta versão, o promotor João Augusto Gadelha decidiu interrogar o delegado Luciano Inácio da Silva, titular do GCCO (Grupo de combate ao Crime Organizado) que presidiu o inquérito policial e reuniu provas de que o piloto realmente fora Fernando Belo. Entre as evidências há uma carta anônima denunciando Belo, enviada ao procurador da República Pedro Taques.
Há ainda outra carta escrita por Hércules na prisão em 1° de dezembro de 2002 – e que foi apreendida pela polícia – na qual ele recomenda a esposa que tome cuidado, pois o “delegado está querendo saber quem pilotou a moto que matou o cara do jornal”. Além disso, a polícia apurou que na época do crime, Belo faltou ao emprego de vigia numa escola em Machadinho D´Oeste (RO), mesmo período em que um rapaz se hospedou na casa de Hércules.
Outra testemunha convocada pela acusação foi o perito criminal Carlos Roberto Angelotti. Ele confirmou que exames de balística mostraram que a mesma arma, uma pistola calibre 9mm, usada nas mortes do sargento José Jesus de Freitas e dois seguranças, também foi utilizada no assassinato de Sávio.
Hércules disse ainda que não queria participar do assassinato de Sávio e que somente admitiu o “serviço” diante de muita insistência do ex-soldado Célio Alves de Souza, indiciado no inquérito juntamente com João Arcanjo Ribeiro, Fernando Belo (piloto da moto e que está preso na Itália) e João Leite, o intermediário e que encontra-se foragido. “O Célio disse que estava quebrado e que precisava de dinheiro”, completou Hércules. Arcanjo teria pago R$ 85 mil pela morte de Sávio. Segundo Hércules, como foi preso no dia seguinte ao crime, ele não chegou a receber de Célio a sua parte, valor estimado em R$ 30 mil. As informações são do jornal Diário de Cuiabá
Fonte:Midiamax News