03/10/2002 11h23 – Atualizado em 03/10/2002 11h23
Os tchecos, que tentam ingressar na União Européia (UE) em 2004, estão cada vez mais preocupados que a adesão ao bloco leve a um padrão de vida mais baixo, segundo pesquisa de opinião divulgada na terça-feira (1).
Entrar para a UE vem sendo o desejo de muitos países da Europa central que deixaram o comunismo para trás, mas as duras negociações sobre as condições para ingressar no bloco azedaram as esperanças de muitos cidadãos.
A pesquisa, conduzida pela empresa particular STEM, é outro sinal do fraco apoio que a UE tem entre os tchecos, que já estão entre os menos entusiasmados com a entrada no grupo.
A maior preocupação diz respeito a uma possível queda no padrão de vida da população.
O crescimento econômico este ano deverá ser de 2,7%, em queda por causa da demanda menor em mercados ocidentais. O desemprego está em 9,4%.
A STEM disse que 23% dos entrevistados escolheram a opção “piora da situação social” para a questão sobre a maior mudança que a entrada na UE poderia trazer.
Este índice era de 9% há um ano. Somente cinco por cento disseram esperar uma vida melhor, 20% acham que a principal mudança será movimentação livre e 21% vêem uma “integração à Europa desenvolvida”.
“O medo de uma ameaça à situação social aparentemente é o problema mais forte para nossa entrada na UE”, disse a STEM.
A pesquisa, feita com 1.282 pessoas entre os dias 2 e 9 de setembro, mostrou que as autoridades não conseguiram explicar que os padrões sociais na UE são mais altos que na República Tcheca. Os tchecos estão entre os candidatos mais ricos, mas seu produto interno bruto é somente 60% da média na zona do euro.
O país pretende fazer um referendo sobre a adesão em meados de 2003. As negociações com a UE devem ser concluídas em dezembro.
O apoio à adesão é maior que a oposição, mas pesquisas mostram crescimento da indiferença do público.
Na pesquisa STEM, 50% das pessoas disseram esperar a participação na UE com otimismo, contra 42% que manifestaram ansiedade e sérias preocupações. O restante ficou indiferente.
O apoio à adesão também foi afetado por temores de que os tchecos, que vivem em um país de 10,2 milhões de habitantes, não sejam tratados com igualdade.
Muitos países da UE, temendo um fluxo de imigrantes do Leste, pretendem implementar um período de sete anos de proibição de trabalho para novos membros.
A UE também parece recusar-se a dar aos agricultores do Leste os mesmos subsídios que garantem aos fazendeiros do ocidente.
Fonte: Reuters