28/09/2002 17h24 – Atualizado em 28/09/2002 17h24
17:51 28/09
Agência EFE
O Museu do Sexo, primeiro deste tipo em Manhattan e situado em um edifício da Quinta Avenida que antes abrigava um bordel, abre suas portas hoje, sábado, sob o olhar da Liga Católica para os Direitos Civis e Religiosos.
Apesar de seu jovem fundador, Daniel Gluck, declarar que o Museu tem uma missão séria e um suporte acadêmico, a empresa despertou a ira da Liga, que já lhe colocou o apelido de “MoSmut”, o que pode-se traduzir como “Museu da Obscenidade”.
“É uma celebração desavergonhada da sexualidade sem limites”, declarou esta semana William Donohue, presidente da Liga.
Donohue reconhece que o museu tem o direito legal de existir como empresa privada, mas disse que “a poluição, venha de fontes públicas ou privadas, segue sendo venenosa”.
“Qualificaria isto como uma forma de contaminação moral”, acrescentou.
MoSex, nome curto para este projeto que teve cinco anos de preparação, tem natureza jurídica de empresa privada, devido a seu conteúdo.
A proposta de Gluck de criar em paralelo uma Fundação MoSex foi rejeitada pelo estado de Nova York sobre a base que esse nome era “indecente ou obsceno”, por isso foi mudado para “Fundação Musa”.
O lado empresarial do MoSex é notado não só em sua existência, mas nos 17 dólares que é preciso pagar pela entrada, a mais cara para qualquer museu da cidade e talvez do mundo.
Frente à crítica da Liga Católica, Gluck declarou que esta “nem sequer viu a exposição” e que desconhece saber que são acadêmicos e historiadores que formam seu conselho de assessores.
“No entanto, foram rápidos para classificar-nos como uma instituição de entretenimento para adultos, e isso não é o que somos”, declarou Gluck.
“Trata-se”, acrescentou, “de pesquisa social e antropológica, e não de arte erótica. Muita gente virá pensando que há material mais lascivo do que realmente há”.
A exposição inaugural, “Como a cidade de Nova York transformou o sexo nos Estados Unidos”, contém no entanto filmes e fotografias que podem fazer as pessoas sentirem, por um instante, que não estão em um museu precisamente convencional.
A mostra explora as histórias nova-iorquinas da prostituição, aborto, controle de natalidade e o fetichismo através de fotografias, vídeos, cartas, recortes de jornal e outros objetos provenientes de coleções públicas e privadas.
Nelas está incluído material visual que alguma vez foi confiscado e classificado como obsceno.
“Este tipo de fotos tem que ser visto dentro um contexto histórico”, advertiu Grady Turner, comissário principal do MoSex.
O museu, que está localizado em um edifício de cinco andares situado na Quinta Avenida com a rua 27 também tem sua “história”.
Gluck e Turner declararam que no último apartamento encontraram “cubículos” que os levaram a suspeitar que o espaço tinha sido utilizado para o comércio sexual em meados da década de 90.
Os criadores do MoSex também disseram que a lei lhes proíbe de aceitar donativos ou financiamento da indústria pornográfica, uma das mais lucrativas dos Estados Unidos.
A missão do museu, afirmam, é “preservar e apresentar a história, evolução e significado cultural da sexualidade humana”.
“Nossa tese é que Nova York teve um grande impacto no modo como os Estados Unidos pensam sobre o sexo a partir de 1830”, disse Turner. Uma tese que a Liga Católica poderia tentar colocar a toda prova.