20/11/2002 09h51 – Atualizado em 20/11/2002 09h51
LONDRES – Um estudo realizado durante cinco anos concluiu que a técnica de injeção de esperma intracitoplasmático, usada para tratar a infertilidade masculina, gera crianças tão saudáveis quanto aquelas concebidas naturalmente.
A técnica, pela qual um único esperma é injetado em um óvulo, já permitiu que muitos homens com esperma de má qualidade se tornassem pais, mas os médicos temiam que isso aumentasse o risco de nascimento de crianças com anormalidades.
“Este estudo fornece evidências da segurança dos métodos de tratamento de hoje em dia”, disse o professor André Van Steirteghem, da Universidade de Vrije (em Bruxelas), durante um encontro em Praga.
Van Steirteghem e seus colegas apresentaram os resultados de seu estudo em uma conferência sobre infertilidade organizada pela Fundação Bertarelli, na capital checa.
O estudo incluiu 300 crianças nascidas na Bélgica, na Suécia e nos Estados Unidos a partir da injeção de esperma intracitoplasmático e 266 crianças da mesma faixa etária concebidas naturalmente que foram recrutadas em escolas e em registros nacionais e locais de nascimento.
As crianças tinham em média cinco anos quando o estudo foi feito. Um pediatra e um psicólogo examinaram todas as crianças para avaliar seu desenvolvimento físico e psicológico.
As mães responderam a um questionário que avaliou o nível de estresse experimentado para criar seus filhos.
Como em estudos anteriores, os pesquisadores descobriram que a média de peso das crianças geradas pela técnica era notadamente mais baixo – em média 3,317 quilos, contra 3,420 quilos. A diferença, entretanto, sumiu com o passar dos anos.
Foram também observadas mais complicações logo após o parto, mas estas não tiveram “nenhum efeito subseqüente em termos de doenças crônicas e intervenções cirúrgicas”, segundo um comunicado da Fundação Bertarelli.
Serviços de fisioterapia e fonoaudiologia foram usados com freqüência ligeiramente maior nas crianças nascidas pela injeção de esperma intracitoplasmático. Mas os exames físicos gerais não mostraram nenhuma diferença entre os dois grupos de crianças. As taxas de doenças crônicas também permaneceram iguais.
A análise da psicologia das crianças pode não ter encontrado nenhuma diferença entre a concepção natural e a técnica de fertilização. Todas as mães experimentaram o mesmo nível de estresse.
“Embora algumas diferenças tenham sido encontradas logo após o parto, os resultados indicam que não houve grandes diferenças na saúde geral e no crescimento das crianças geradas pela injeção de esperma intracitoplasmático aos cinco anos de idade, em comparação com aquelas concebidas naturalmente”, concluíram os autores do estudo.
Fonte: Reuters