09/05/2006 17h47 – Atualizado em 09/05/2006 17h47
Assessoria de Comunicação
Descobrir a habilidade natural de cada ser e trabalhar para que eele se desenvolva. Este é o objetivo da proposta implantada pela Secretaria de Assistência Social, Cidadania e Trabalho junto aos alunos do programa Pelotão Mirim, desenvolvido em parceria com a 2ª Cia de Infantaria de Três Lagoas.O Pelotão Mirim atende 120 alunos, com idades entre 10 e 15 anos que, sob a coordenação do professor Sidney Evangelista, desenvolve um trabalho de excelência por meio de atividades planejadas e executadas sob uma perspectiva multidisciplinar, através de atividades afetivas, produção oral e escrita, educação ambiental, desenvolvimento das percepções sensoriomotoras e de atividades envolvendo o corpo e movimento, entre outras.“É um trabalho que objetiva estimular, por meio de oficinas de aprendizagem, as diferentes formas de conhecimento”, explica Evangelista.O trabalho desenvolvido no Pelotão Mirim se baseia na Teoria das Inteligências Múltiplas, do psicólogo Howard Gardner.Essa teoria de múltiplas inteligências enfatizou a importância de não se ver a inteligência como uma idéia unidimensional, mas sim como uma série de sete inteligências independentes. Sete inteligências que habilitam o indivíduo a “executar transformações e modificações de suas percepções” e “a recrear aspectos das suas experiências”.Os sete tipos originais de inteligência são: – Inteligência Verbal/Lingüística – Essa é a capacidade de empregar palavras efetivamente seja oralmente ou por escrito. – Inteligência Lógico/Matemática – A inteligência lógico/matemática inclui a habilidade de usar raciocínio indutivo e dedutivo, de resolver problemas abstratos, e de entender as relações entre conceitos, idéias, e coisas interrelacionadas. – Inteligência Visual/Espacial – Essa inteligência de fotografias e imagens inclui a capacidade de perceber o mundo visual de modo preciso e de ser capaz de recriar experiências visuais. – Inteligência Corporal/Cinestésica – A inteligência de todo o corpo e mãos nos habilita a controlar e interpretar os movimentos do corpo, a manipular objetos físicos, e a estabelecer harmonia entre a mente e o corpo. – Inteligência Rítmica/Musical – Essa inteligência começa com um grau de sensibilidade a um padrão de sons e a habilidade de responder emocionalmente. – Inteligência Interpessoal – É a habilidade de rapidamente entender e avaliar as disposições, intenções, motivações e sentimentos de outras pessoas. – Inteligência Intrapessoal – Essa inteligência inclui ter uma imagem precisa de si mesmo (as qualidades e as limitações); uma consciência do humor interno, intenções, motivações, temperamento, e desejos; e a capacidade para auto-disciplina, auto-entendimento e auto-estima. Gardner adicionou a Inteligência Naturalista às suas sete originais em 1991. – Inteligência Naturalista – Essa é a inteligência dos alunos que aprendem melhor através da natureza. No trabalho realizado com o pelotão mirim os alunos passam por todas as etapas. Divididos em grupos, eles participam de aulas de música, de desenho e educação ambiental, entre outras.O trabalho conta com a ação voluntária do engenheiro e arquiteto Marcos Sanches, que ministra aulas de desenho com o objetivo de estimular a inteligência visual e espacial.O resultado das atividades que envolvem inteligência naturalista já podem ser vistas logo na entrada do “quartel” do Pelotão Mirim. Sob a orientação do professor Marcos Paulo Martins Ferraz, os alunos plantaram mudas de “pingo de ouro” em frente ao prédio formando a inscrição PELM (Pelotão Mirim). As mudas foram doadas pelo viveiro municipal.“Nesse campo os alunos participam também de aulas ministradas no bosque do próprio quartel. As aulas incluem, entre outros temas, conhecimento da fauna e flora e localização e deslocamento através do uso da bússola”, explicou o coordenador Evangelista.Pelotão MirimO programa Pelotão Mirim foi criado em 26 de agosto de 1998, através de uma parceria entre o Exército e a Prefeitura e tem como objetivo desenvolver nos jovens a prática da cidadania como forma de melhorar a qualidade de vida de toda a sociedade. Os alunos freqüentam o programa no horário inverso ao da escola e aprendem noções de cidadania, disciplina e reforço escolar. Atualmente o programa atende 120 alunos com idades entre 10 e 15 anos.A Teoria das Inteligências Múltiplas Howard Gardner, um psicólogo de desenvolvimento, propôs uma teoria a respeito da natureza da inteligência que contradiz a perspectiva psicométrica prevalente (Gardner, 1993). Essa teoria de múltiplas inteligências, colocada em “Frames of Mind: The Theory of Multiple Intelligences” (1993), ou “Estruturas da Mente: Teoria das Inteligências Múltiplas”, enfatizou a importância de não se ver a inteligência como uma idéia unidimensional, mas sim como uma série de sete inteligências independentes. As sete inteligências habilitam o indivíduo a “executar transformações e modificações de suas percepções” e “a recrear aspectos das suas experiências” (Gardner 1983, p. 173). Os sete tipos originais de inteligência são: Inteligência Verbal/Lingüística – Essa é a capacidade de empregar palavras efetivamente seja oralmente (por exemplo, como um apresentador de TV, orador, político, contador de estórias) ou por escrito (por exemplo, como um jornalista, dramaturgo, poeta, editor). Um aluno de alta capacidade verbal/linguística gosta de ler, escrever, contar estórias, e brincar com jogos de palavras (Armstrong, 2000). Os alunos que possuem essa inteligência têm a habilidade de manipular: a estrutura ou regras da linguagem (por exemplo, pontuação para efeito dramático); os sons da linguagem (por exemplo, aliteração); o significado da linguagem (por exemplo, duplo sentido); as dimensões pragmáticas da linguagem; o uso da linguagem para convencer (retórica); o uso da linguagem para relembrar informação (mnemônicos); o uso da linguagem para explicar (divagação); o uso da linguagem para falar sobre si mesma (metalinguagem). (AENC’s Educational Philosophy – Recognition of Howard Gardner’s Multiple Intelligences, 1999).Inteligência Lógico/Matemática – A inteligência lógico/matemática inclui a habilidade de usar raciocínio indutivo e dedutivo, de resolver problemas abstratos, e de entender as relações entre conceitos, idéias, e coisas interrelacionadas. As habilidades de raciocínio se aplicam a uma vasta gama de áreas e inclui o uso do pensamento lógico em ciência, estudos sociais, literatura, e outras áreas. (Bellanca, 1997) Essa inteligência também inclui as habilidades de classificar, prever, priorizar, e formular hipóteses científicas e entender relações de causa e efeito. As crianças mais jovens desenvolvem essa inteligência ao trabalharem com manipulativos concretos e entenderem o conceito de relações de um a um e numeração. Essas habilidades críticas de pensamento são ensinadas nos currículos da maioria das escolas, mas precisam ser enfatizadas através de atividades de aprendizado ativo.Inteligência Visual/Espacial – Essa inteligência de fotografias e imagens inclui a capacidade de perceber o mundo visual de modo preciso e de ser capaz de recriar experiências visuais. Essa inteligência começa com o aguçamento das percepções sensitivo-motoras. O pintor, o escultor, o arquiteto, o jardineiro, o cartografista, o autor de projetos, e o desenhista gráfico todos transferem imagens em suas mentes para o novo objeto que eles estão criando ou aperfeiçoando. As percepções visuais são misturadas com o conhecimento prévio, a experiência, as emoções e imagens para criar uma nova visão para os outros experimentarem. Os alunos com inteligência espacial têm a habilidade de perceber com perspicácia: cor, linhas, formas,
formatos, espaço, e as relações que existem entre esses elementos. Os alunos com inteligência visual e espacial também têm a habilidade de visualizar, representar graficamente idéias visuais ou espaciais, entender a posição de uma pessoa em uma matriz. (AENC’s Educational Philosophy – Recognition of Howard Gardner’s Multiple Intelligences, 1999)Inteligência Corporal/Cinestésica – A inteligência de todo o corpo e mãos nos habilita a controlar e interpretar os movimentos do corpo, a manipular objetos físicos, e a estabelecer harmonia entre a mente e o corpo. Ela não é limitada somente aos atletas, mas inclui habilidades tais quais a coordenação motora fina de um cirurgião fazendo uma cirurgia de coração ou a habilidade de um navegador de aviões de afinar os instrumentos. “Essa inteligência inclui habilidades físicas específicas como coordenação, equilíbrio, destreza, força, flexibilidade, e velocidade, tanto quanto capacidades proprioceptivas e tátis” (Armstrong, 2000).Inteligência Rítmica/Musical – Essa inteligência começa com um grau de sensibilidade a um padrão de sons e a habilidade de responder emocionalmente. À medida que os alunos desenvolvem sua consciência musical, eles desenvolvem o fundamental dessa inteligência. Ela se desenvolve mais enquanto os alunos criam variações de padrões musicais mais complexos e sutis, desenvolvem seus talentos com instrumentos musicais, e avançam à composição complexa. Essa inteligência cresce ao passo que os alunos aumentam sua sofisticação quando escutam música. Ela representa “a capacidade de perceber (por exemplo, como um aficionado pela música), discriminar (por exemplo, como um crítico de música), transformar (por exemplo, como um compositor), e expressar (por exemplo, como um artista) a forma musical” (Armstrong, 2000).Inteligência Interpessoal – É a habilidade de rapidamente entender e avaliar as disposições, intenções, motivações e sentimentos de outras pessoas. Isso pode incluir sensibilidade a expressões faciais, voz e gestos; a capacidade para discriminação entre os muitos diferentes tipos de sinais interpessoais; e a habilidade de responder efetivamente àqueles sinais de uma forma pragmática. (Armstrong, 2000) Essa inteligência “envolve as habilidades de comunicação verbal e não verbal, habilidades de colaboração, gestão de conflitos, habilidades de construção de consenso, e a habilidade de confiar, respeitar, liderar, e motivar os outros a atingir um objetivo mútuo benéfico,” (Bellanca, 1997). Por exemplo, em um nível simples, essa inteligência é vista em crianças que notam e são sensíveis ao humor dos adultos em seu redor. Uma habilidade interpessoal mais complexa é a habilidade de um adulto de ler e interpretar as intenções ocultas de outros.Inteligência Intrapessoal – Essa inteligência inclui ter uma imagem precisa de si mesmo (as qualidades e as limitações); uma consciência do humor interno, intenções, motivações, temperamento, e desejos; e a capacidade para auto-disciplina, auto-entendimento, e auto-estima. (Armstrong, 2000) Um indivíduo desse tipo de inteligência prospera ao pensar, refletir, e completar auto-avaliações. Essa necessidade de tal introspecção faz dessa inteligência a mais privada. Nas palavras de Gardner, “a inteligência intrapessoal é não mais que a capacidade de distinguir um sentimento de prazer de um de dor e, na base de tal discriminação, tornar-se mais envolvido ou distante de uma situação” (1983; 1993).Gardner adicionou a Inteligência Naturalista às suas sete originais em 1991. Inteligência Naturalista – Essa é a inteligência dos alunos que aprendem melhor através da natureza. Para esses alunos, a maioria do aprendizado precisa acontecer em locais abertos. Esses alunos gostam de fazer projetos sobre a natureza, como observação de pássaros, coleção de borboletas ou insetos, estudo de árvores, ou criação de animais. Eles gostam de estudar sobre a ecologia, a natureza, as plantas, e os animais (Gardner, 1994).Armstrong (2000) alegou que é muito benéfico para esses alunos ter um maior acesso ao desenvolvimento de sua inteligência naturalista dentro de um prédio escolar. Então a função da escola é trazer o mundo natural para dentro das salas de aula e outras áreas. O impacto da Teoria de Gardner A teoria de Gardner tem tido um papel fundamental em uma combinação única que Soares e Soares (1994) descreveram como o cerne de três novas teorias de preparação de professores que podem ser consideradas como a solução para ir-se além das teorias tradicionais. A teoria de Gardner explica como cada teoria tem funcionado em um programa de formação universitário representado por (1) o plano de Copérnico para o horário em blocos, (2) a aplicação da teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, e (3) as idéias básicas de John Dewey sobre processo. Através da combinação dessas três perspectivas, professores universitários e alunos têm mais oportunidades de trabalharem juntos em um contexto interdisciplinar, de descobrir a que nível os alunos e professores possuem os talentos e interesses indicados em cada uma das sete inteligências, e de desenvolver domínio pessoal do conteúdo, habilidades instrucionais, e estilos de aprendizagem (Armstrong, como citado em Soares, 1998). Ao aplicar a teoria de inteligências múltiplas na sala de aula, o currículo é organizado ao redor de sete capacidades: linguística, lógico-matemática, corporal-cinestésica, espacial, musical, interpessoal, e intrapessoal (Gardner, 1991). O conceito de inteligências múltiplas tem fornecido a fundação para muito do desenvolvimento curricular atual (Armstrong, como citado em Soares, 1998) em salas de aula. As vantagens dessa abordagem incluem o seguinte: mais oportunidades para desenvolver as qualidades dos alunos e conseguir domínio do conteúdo;mais tempo para conectar as áreas de conteúdo; e mais provisão para melhorar a avaliação. A teoria de Gardner teve um efeito catalizador na educação. Por exemplo, na educação geral houve um impulso para a valorização da diversidade cultural, e a lente das múltiplas inteligências foi uma outra maneira de validar a idéia de que a inteligência é uma idéia construída culturalmente (Gardner & Avery, 1998). O trabalho de Gardner tem também apoiado outras direções importantes na prática educacional relacionada à criatividade. Ao enfatizar a importância do campo no reconhecimento da realização criativa, ele está endossando o valor das aplicações de fundo realista que são submetidas à opinião de experts. As idéias de Gardner tem também dado ímpeto adicional ao favorecimento de hábitos mentais e da importância da motivação intrínseca (Gardner & Avery, 1998).