09/05/2006 14h28 – Atualizado em 09/05/2006 14h28
Reuters
O Bradesco, maior conglomerado financeiro do País, abriu nesta segunda-feira a temporada de divulgação de balanços do setor no primeiro trimestre com um lucro de R$ 1,53 bilhão, um recorde para o período, conforme a consultoria Economática. Conforme executivos do banco, o ganho foi resultado do crescimento da carteira de crédito e também de ganhos com operações de tesouraria. O lucro, 27% maior que no mesmo período de 2005, não chegou a surpreender analistas e as ações operavam em alta de 1,9%, às 13h40, quando o Ibovespa cedia 0,09%. Mas o aumento de provisões para perdas com crédito chamou a atenção de alguns. “O primeiro trimestre sempre é mais fraco, então já era esperada alguma deterioração, mas o ritmo de provisão que ele precisou fazer ficou acima do que a gente tinha previsto”, disse o analista do setor financeiro no banco UBS, Bruno Pereira. Esse agravamento do risco levou o Bradesco a constituir no trimestre uma provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) de R$ 938 milhões, o que elevou o saldo provisionado a R$ 5,315 bilhões, em 31 de março, com um excedente de R$ 1,032 bilhão em relação à exigência legal. “A gente foi um pouco mais cauteloso, em função principalmente da pessoa física. E é natural que tenha elevação no primeiro trimestre, porque as pessoas têm mais compromissos, têm um acumulo muito forte de despesas”, disse a jornalistas o presidente do banco, Márcio Cypriano, em conferência telefônica para apresentação dos resultados. O saldo de PDD cobre 6,3% da carteira de crédito do banco, que evoluiu 4,1% no trimestre, para R$ 84,4 bilhões. Em relação ao saldo registrado no fim de março do ano passado, o crescimento foi de 28%. No total de ativos detidos pelo Bradesco, que chegou a R$ 216,4 bilhões, o crédito passou a responder por uma fatia de 39%. Um ano antes, correspondia a 34%. Segundo o diretor de Relações com Investidores do Bradesco, Milton Vargas, o crédito à pessoa física cresceu 50,6%, na comparação anual, e respondia, no final de março, a 42,3% do total da carteira. Cypriano disse que o banco mantém sua previsão de crescimento de 23% a 25% da carteira de crédito neste ano, mas o banco pode ir muito além disso, graças à captação de R$ 2,8 bilhões com CDBs subordinados ao capital, de janeiro a março, o que elevou o índice de Basiléia do banco. “Essa margem nos permite crescer cerca de 90 bilhões em crédito. Ou seja, dobrar nossa carteira”, disse Vargas. Margem Segundo Vargas, o agravamento do risco não prejudica o negócio de crédito, desde que o nível de provisão seja confortável e não comprometa a margem financeira da operação, o que parece longe de acontecer. A margem financeira ajustada foi de R$ 4,975 bilhões, 35,8% maior que um ano antes. Além do crédito, contribuiu para esse ganho o resultado de tesouraria – crescimento de R$ 311 milhões , em 12 meses – que responde por 15% do lucro geral, mas teve uma evolução importante no trimestre, mesmo com a queda do juro básico. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROE, na sigla em inglês) do Bradesco foi de 34,8%, acima do verificado no mesmo trimestre do ano passado. Em relação ao patrimônio líquido final, a rentabilidade ficou em 33,6%.