04/04/2006 09h13 – Atualizado em 04/04/2006 09h13
Rio Preto News
Duas irmãs, gêmeas que nasceram ontem, em Penápolis foram encaminhadas para o Hospital de Base de Rio Preto. As crianças nasceram coladas pelo tórax e pelo intestino e apresentam dois corações, mas compartilham do mesmo fígado, de acordo com os primeiros exames realizados no HB.As gêmeas nasceram neste domingo em Penápolis, os pais que não foram identificados, são de Braúna. Segundo a chefe do centro de genética do HB, Agnes Cristina Fett Conte, desde o início da gestação os pais foram informados de que as crianças nasceriam coladas.Agnes explica que a cada gravidez gemelar existe 1% de chances dos fetos nascerem colados e desses casos existe de 20 a 30% de chances deles nascerem com alguma má formação em alguns órgãos.“No caso das gêmeas que recebemos hoje, existem poucas chances de sobrevivência”, conta Agnes.A médica conta ainda que casos como esses são os mais comuns, e são chamados na medicina de xipófagos. “A ciência ainda não descobriu o porque isso acontece em alguns casos e também ainda não encontrou uma forma de prevenção, o que se sabe é que depois de 10 ou 15 dias da fecundação, o problema já pode ser detectado, mas mesmo assim não há o que ser feito dentro do útero”, explica.O médico Carlos Henrique Demarchi, cardiologista da pediatria, que está acompanhando as gêmeas, disse que uma delas apresenta um quadro clínico mais grave que a outra.“Uma das crianças está cianótica (respira com dificuldades), a outra está melhor, precisamos ver porque uma apresenta este quadro e a outra não, pode ser que elas também compartilhem outros órgãos, como o pulmão, mas ainda não temos muitos exames feitos aqui, vamos analisar e depois dar mais detalhes sobre o caso”, diagnosticou.Entenda o casoO nascimento de siameses, gêmeos cujos corpos estão unidos, é a consequência de uma anomalia do desenvolvimento embrionário e de uma complicação da gravidez de gêmeos monozigóticos, geneticamente idênticos.Atribuída à divisão incompleta de um óvulo único, a má-formação pode resultar também em uma fusão parcial do que, em princípio, deveriam ser dois embriões distintos.A frequência de nascimento de siameses é de um para cada 75 mil, ou seja, 1% dos nascimentos de gêmeos monozigóticos. Geralmente, os dois são completos e unidos por uma região precisa, como o tórax (70%), o osso sacro (18%), a região pélvica (6%) ou a cabeça (2%).A denominação “siameses” se deve aos irmãos Eng e Chang, nascidos no Sião em 1811, apresentados como uma atração de circo. Os siameses foram tratados durante muito tempo como uma curiosidades de feira e monstros apresentados em shows.Para separar os irmãos siameses, são realizadas operações complexas, de preferência durante a infância. Mas a separação cirúrgica nem sempre é possível. Às vezes é impedida pela própria anatomia dos gêmeos. Isso ocorre no caso de siameses dicéfalos, que possuem um tronco e duas cabeças, diferente do caso das irmãs que estão no Hospital de Base.