10/01/2006 14h54 – Atualizado em 10/01/2006 14h54
Terra Esportes
Especialistas técnicos fizeram um balanço desfavorável das medidas de segurança nos estádios alemães e, a cinco meses da Copa do Mundo de futebol, quatro dos 12 estádios levam até cartão vermelho. Os reprovados são os de Berlim, Kaiserslautern, Gelsenkirchen e Leipzig. Um grande teste realizado pelo Stiftung Warentest, um organismo que se dedica à comparação e à análise de bens de consumo, dá cartão amarelo a outros quatro estádios e apenas os quatro restantes obtiveram resultados satisfatórios.O estudo, apresentado nesta terça-feira em Berlim, avaliou os dispositivos para responder a um eventual pânico, assim como o tamanho das saídas de emergência, a existência ou não de acessos rumo ao interior do campo em caso de tumulto nas arquibancadas, o tamanho dos degraus, sua inclinação e os sistemas antiincêndios.O Estádio Olímpico de Berlim, em que será realizada a final – e palco da estréia da Seleção Brasileira, contra a Croácia, dia 13 de junho -, e o Fritz-Walter Stadion de Kaiserslautern, ambos recém-restaurados, são os que obtiveram os piores resultados neste estudo, assim como a Veltins Arena de Gelsenkirchen e o Zentralstadion de Leipzig. No caso de Berlim, por exemplo, a evacuação se torna difícil porque o fosso é profundo, o caminho de saída das arquibancadas é muito longo, e quase não há extintores contra incêndios.”Um estudo em 70 estádios na Bélgica, na Itália, em Portugal e na Espanha realizado em 1996 demonstrou que a maioria dos estádios tinha respondido à necessidade de ter saídas de emergência. Por isso, é muito estranho que três estádios do Mundial, o de Berlim, o de Leipzig e o de Gelsenkirchen, careçam totalmente destas saídas”, assinalou Hubertus Primus ao apresentar o estudo.O diretor da seção editorial do organismo – financiado basicamente com a venda de seus produtos editoriais, embora também receba fundos públicos – não quis se exceder no alarmismo e ressaltou que a maioria das deficiências encontradas ainda pode ser resolvida se os responsáveis pelos estádios agirem imediatamente.Os autores do estudo afirmam que na hora de avaliar a situação dos estádios se guiaram por índices fixados nos regulamentos nacionais, assim como na Fifa e na Uefa. Como exemplos positivos, Primus destacou os dispositivos de segurança nos estádios de Munique, Hannover, Nuremberg e Colônia, onde quase não foram detectadas deficiências. Receberam cartões amarelos os estádios de Hamburgo, Frankfurt, Stuttgart e Dortmund.Primus explicou que todas as inspeções realizadas foram feitas com autorização e em cooperação com os responsáveis pelos próprios estádios e pelo comitê organizador. Os especialistas lamentam em seu relatório que a situação seja tão deplorável apesar dos custos de reforma ou de construção dos estádios, que chegaram a 1,4 bilhão de euros.Antes mesmo de ser informado sobre os dados do estudo, o presidente do comitê organizador alemão, Franz Beckenbauer, reagiu com duras críticas aos autores do estudo. “Pode ser que a Stiftung Warentest saiba muito de cremes faciais, azeites de oliva ou aspiradores, e deveriam se dedicar a isso”, disse Beckenbauer em entrevista ao jornal Bild publicada nesta terça.Beckenbauer acha que o organismo quer aparecer e a única coisa que consegue “é roubar” seu tempo. O Stiftung Warentest é considerado um organismo altamente confiável e muito estimado pelos consumidores, o que leva as empresas cujos produtos obtiveram bons resultados nos testes a usar o resultado como selo de qualidade.