15/02/2006 08h28 – Atualizado em 15/02/2006 08h28
Diário MS
Em Dourados, o MPE (Ministério Público Estadual) recebeu – e protocolou sob o número 070/06, datado em 30 de janeiro passado – uma denúncia feita pela advogada Virginia Marta Magrini Santana de Figueiredo, de que um B.O. (Boletim de Ocorrência), documento de suma importância para a instauração de um I.P. (Inquérito Polícia) havia sido adulterado no cartório do 1º DP (Distrito Policial). Por outro lado, após a reportagem tomar conhecimento da denúncia através da advogada, procurou pelo delegado regional de Polícia Civil, Nazih El Kadri, e este também confirmou o fato e acrescentou que todas as providências para apurar de quem seria a responsabilidade de ter cometido o crime, já haviam sido tomadas. “Sabemos deste fato lamentável e ele está sendo apurado. Também afirmo que a Corregedoria de Polícia Civil através de minha chefia, já tem amplo conhecimento sobre o caso”, disse o delegado chefe do órgão em Dourados. A adulteração do B.O., de número 3659/05, registrado às 21 horas, 52 minutos e 47 segundos, do dia 30 de novembro passado, não envolve pessoas comuns que comparecem no dia-a-dia de uma das mais importantes e movimentadas delegacias do interior do Estado, mas sim por alguém que teria acesso ao computador que é usado no cartório do setor de plantão da delegacia. DUPLA VERSÃONa primeira versão da ocorrência de “crime de difamação” registrada pelo jornalista Josandro Depieri, 38, onde ele e sua cônjuge, a delegada da instituição Andréia Alves Pereira, 31 anos, figuram como vítimas, os autores seriam a escrivã Tânia e as agentes Fátima, Jaqueline e Claudice Tupã Delgado, todas lotadas na Deam (Delegacia Especializada e Assistência a Mulher), e também o jornal Diário MS e, como testemunha, o nome de Luca, uma pessoa que seria estagiária da Deam. COMEÇO DE TUDO Na elaboração desta ocorrência, dias depois foi apurado que o teor do documento original que seria utilizado no prosseguimento do inquérito para apurar a denúncia, na segunda versão, em circunstância que estão sendo apuradas e acompanhadas pelo MPE (Ministério Público Estadual), inexplicavelmente ele foi adulterado, inclusive sem o nome da empresa jornalística, que foi retirado do rol de acusados, e a rubrica da pessoa que registrou o relato do jornalista. PROVIDÊNCIAS Ainda em contato com a editoria de polícia do Diário MS, ontem, a advogada Virgina de Figueiredo, que já foi agente de Polícia Civil antes de exercer a atual profissão, disse lamentar que tal fato tivesse acontecido no interior de uma delegacia tão importante para a cidade, principalmente envolvendo servidores. “Se isso aconteceu entre eles que são da casa, imagine com uma pessoa comum”, disse a advogada, lembrando que o B.O. é o mais importante documento na fase inicial de um processo criminal. “Acredito que a Corregedoria vai dar uma resposta à sociedade sobre este fato e o MPE também, caso contrário à instituição poderá cair em descrédito”, disse a advogada, lembrando que emitiu cópia do protocolo do MPE para a Corregedoria e também para o delegado Nazih El Kadri, que responde pela instituição em Dourados, comunicando a denúncia. Virginia de Figueiredo lamenta que tal fato tenha acontecido dentro da Polícia Civil, mas acrescenta que não se pode generalizar, por ser este um fato isolado, porém, para que a instituição possa manter o seu conceito perante a população, o autor ou autores da adulteração do documento tem de ser descoberto e punido de acordo com a lei, seja lá quem for. “Conheço a postura do delegado Nazih El Kadri e sei o quanto ele é uma pessoa sincera e honesta. Acredito que ele é uma das pessoas que tem o maior interesse em esclarecer este episódio, que embora seja um fato isolado, infelizmente prejudica a imagem da instituição que ele administra”, finalizou a advogada. Na denúncia feita pelo jornalista, a Editoria de Polícia teve acesso à qualificação pessoal das agentes de polícia – Claudice Tupan Delgado, Fátima Aparecida Freitas de Souza, Jacqueline Gomes Batista Arce e Tânia Helena de Brito Góes – denunciadas por ele no crime de “difamação” que ele alega ter sido vítima, juntamente com seu cônjuge, e que acabou por causar esse impasse, dado a denúncia de adulteração na ocorrência, conforme cópias obtidas pela reportagem.