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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Promotor alega “estupro culposo” na sentença que absolveu suspeito de abuso de Mariana Ferrer

Vídeo da sentença, divulgado hoje, mostra advogado de defesa de André de Camargo Aranha humilhando Mariana, que chora: “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito”

Em setembro deste ano, o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a jovem promoter catarinense Mariana Ferrer, de 23 anos, durante uma festa em 2018, foi julgado inocente, apesar de todas as provas apresentadas por Mariana – inclusive roupas sujas de sangue (a moça era virgem), o sêmen dele na calcinha dela e o vídeo do rapaz saindo do local onde Mariana estava.

Mariana alega que foi drogada e só soube quem havia sido o estuprador depois, ao ver as imagens das câmeras de segurança. O site nd+ trouxe trechos da sentença, que mostrava que o promotor responsável pelo caso, Thiago Carriço, declarava que havia ocorrido “estupro culposo”, ou seja, que o empresário “não sabia” que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo portanto “intenção” de estuprar.

Promotor alega "estupro culposo" na sentença que absolveu suspeito de abuso de Mariana Ferrer
Reprodução/ND+

Hoje, com a divulgação de um trecho do vídeo pelo site The Intercept, as redes sociais se mobilizaram contra o absurdo do caso. Em uma tentativa de difamar a vítima, a defesa de Camargo Aranha ataca Mariana, mostrando fotos sensuais feitas pela moça antes do crime – como se isso consentisse o estupro.

Vídeo publicado hoje pelo The Intercept Brasil

O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho analisa as imagens, que definiu como “ginecológicas”, sem ser questionado sobre a relação delas com o caso, e afirma que “jamais teria uma filha” do “nível” de Mariana. Ele também repreende o choro de Mariana: “não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”.

A jovem reclamou do interrogatório para o juiz. “Excelentíssimo, eu tô implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, diz. As poucas interferências do juiz, Rudson Marcos, da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, ocorrem após as falas de Gastão. Em uma das situações, o juiz avisa Mariana que vai parar a gravação para que ela possa se recompor e tomar água e pede para o advogado manter um “bom nível”.

A OAB de Santa Catarina e o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos solicitaram esclarecimentos ao advogado e ao TJ de Santa Catarina sobre sua conduta durante o interrogatório.

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