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Nova esperança para diabéticos

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11/09/2003 08h41 – Atualizado em 11/09/2003 08h41

Não bastassem as restrições aos doces, as dolorosas injeções de insulina. Quem sofre de diabetes sabe bem do que se trata. E não é pouca gente. São 135 milhões de diabéticos em todo o mundo. A boa notícia é que a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais acaba de desenvolver microesferas contendo insulina que poderão ser inaladas sob a forma de aerossol, em um sistema semelhante ao das bombinhas usadas por asmáticos. A promessa é que elas substituam, no futuro, as agulhadas do hormônio.

“Isso seria maravilhoso”, diz a secretária Silvia Roza, hoje com 39 anos e diabética desde os 16. Silvia lembra como foi difícil aceitar a doença na adolescência. “A obrigação de ter que tomar injeções diárias me causou uma série de transtornos. Fiquei abalada emocionalmente e cheguei a ter queda de aprendizado na escola. Naquela época, como a insulina era bem impura, fiquei até com algumas marcas no corpo”, conta. Silvia acabou se acostumando com a rotina das injeções, mas sente pena da filha Juliana, de nove anos, que também sofre de diabetes. “A Juliana começou a tomar as injeções aos dois anos”, afirma. “Acho que todos os diabéticos achariam o máximo poder inalar insulina sob a forma de aerossol”, comenta a secretária.

Após inaladas, as microesferas contendo insulina são absorvidas na mucosa dos alvéolos pulmonares. “Em seguida, o envoltório delas é degradado e ocorre a liberação do hormônio para o sangue”, explica o farmacêutico Armando Cunha Júnior, coordenador da pesquisa da UFMG. As microesferas são feitas do mesmo material biodegradável das linhas de sutura, usadas para dar pontos. “Esse material se transforma em água e gás carbônico, substâncias facilmente eliminadas pelo organismo”, diz o pesquisador.

Na opinião do médico Antônio Sérgio Fonseca, coordenador de assistência do Centro de Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), vinculada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as injeções, além de dolorosas, têm um efeito psicológico nas pessoas. “Os pacientes se assustam com a possibilidade de terem que tomar injeções diárias”, diz. Por isso, Fonseca acredita que a insulina para ser inalada sob a forma de aerossol seria um avanço no tratamento da diabetes. “A substituição das injeções pela insulina inalável representaria m enos sacrifício e mais comodidade para os diabéticos, o que tornaria mais fácil a adesão desses pacientes ao tratamento”, comenta o médico.

A secretária Silvia Roza tem diabetes tipo 1 e toma duas injeções de insulina por dia. No entanto, no modelo de terapia intensificada, pacientes com esse tipo de diabetes recebem quatro injeções diárias: uma de insulina de ação prolongada e três do hormônio de ação rápida (antes das refeições). Na tentativa de substituir essas injeções, aerossóis de insulina já vem sendo desenvolvidos em outros países. Alguns desses produtos estrangeiros devem ser lançados em breve, mas todos eles são de insulina de ação rápida. Isso significa que, mesmo usando os aerossóis importados, o diabético não ficaria livre de uma das injeções, a de insulina de ação prolongada.

E é aí que entra a grande novidade do trabalho da UFMG. “Nosso aerossol é o único de insulina de ação prolongada”, diz o farmacêutico Armando Cunha Júnior. Mas como quase toda boa notícia vem acompanhada de outra nem tanto, as microesferas de insulina criadas na UFMG ainda devem demorar a chegar ao mercado. “Por enquanto, só fizemos estudos em ratos”, afirma o pesquisador.

Fonte:Ibest

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