O advogado Enio Murad, responsável pela denúncia que desbaratou esquema de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), em 2021, e cuja investigação feita pela Polícia Federal (PF) identificou indícios de venda de sentenças por parte de desembargadores do Tribunal de Justiça (TJMS) em 2024, agora é tema de uma série no Prime Vídeo.
A série terá 18 capítulos, dirigidos pelo cineasta premiado Luiz César Rangel. Com roteiros de Carol Herling, a Prime Vídeo lançou o projeto, o qual foi escolhido e convidou Enio para ser o protagonista, relatando casos criminais emblemáticos, como o Edifício Joelma, Daniela Perez e até da também sul-mato-grossense, Eliza Samúdio.
O seriado já tem nome e cada capítulo vai contar com uma história que chocou o país. O POLICE CASES AND OTHER CRIMES, vai contar com versões em inglês, espanhol e português. A série tem previsão de estreia na plataforma no próximo mês de março.
Enio vai ser um dos protagonistas, pois ele vai relatar os crimes. Renomado advogado que começou a sua história em Bataguassu, ele também morou em Campo Grande, local que realizou uma série de denúncias, as quais viraram operações da Polícia Federal. Hoje em dia, após sofrer ameaças por ser honesto, Enio precisou se mudar para a cidade São Paulo.

Ao Perfil News, Enio contou o entusiasmo de participar de algo tão grandioso. “Eu fui escolhido em razão da minha atuação no combate à corrupção. O diretor ficou surpreso que, mesmo sem curso de teatro, consegui gravar tudo sem interrupção e decorar os textos facilmente. Eu faço o advogado que conta os casos. Acho muito bacana sair em uma plataforma mundial” disse à equipe de reportagem.
DENÚNCIAS E PERSEGUIÇÕES
Ao realizar as denúncias, o advogado sofreu perseguições e até ameaças. Tudo começou em 2015, quando o advogado era secretário-geral do Ministério Público de Contas de Mato Grosso do Sul (MPC-MS).
À época, a PF investigava indícios de fraude em licitação e superfaturamento no contrato da coleta de lixo em Campo Grande. Em razão do cargo que ocupava, Murad foi procurado para prestar esclarecimentos e relatou a “vista grossa” feita pelas instituições do estado em relação ao caso.
Após realizar as denúncias contra os conselheiros Waldir Neves Barbosa, a vida do advogado virou de cabeça para baixo. Ele chegou até a pedir exoneração do cargo que ocupava devido às graves perseguições e ameaças.
Depois das denúncias feitas por Murad, cinco desembargadores foram afastados dos cargos, após determinação do STJ. São eles: Sérgio Fernandes Martins, presidente do TJMS, Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel e Marco José de Brito Rodrigues.
Ao denunciar, há aproximadamente quatro anos, os conselheiros afastados acusaram Enio por calúnia e difamação. O advogado chegou a ser processado por calúnia e difamação. O processo foi arquivado e ele provou que é inocente. Hoje em dia, Murad pede a indenização dos sete conselheiros. O valor total é de R$ 2 milhões, mas pode chegar a R$ 14 milhões