28/12/2004 16h27 – Atualizado em 28/12/2004 16h27
Diário do ABC
A Prefeitura de São Bernardo quer acabar com as invasões de crianças nos cinco piscinões da cidade. “Ali não é lugar de empinar pipa”, afirma o secretário de Serviços Urbanos, Gilberto Frigo. A pasta é responsável pela manutenção e limpeza dos reservatórios que, com o início da época de chuvas, já acumulam água suja. O lamaçal durante esse período é de difícil remoção e, para evitar riscos à saúde pública, a Guarda Municipal deverá intensificar a vigilância para que ninguém pule a cerca das áreas destinadas à contenção de enchentes.
Na semana passada, o Diário visitou os 13 piscinões do Grande ABC acompanhado de especialistas em engenharia hidráulica e vigilância sanitária. A constatação é de que os reservatórios carecem de faxina urgente. Além de facilitar a proliferação de doenças, como hepatite, leptospirose e dengue, a lama em excesso, somada ao matagal e ao entulho, compromete a capacidade de armazenamento de água. Para cada ano sem limpeza, o piscinão perde 15% de espaço para reter água. Em Diadema, já estão ameaçados em 30%.
Em São Bernardo, a reportagem encontrou garotos cobertos pela lama, brincando no meio da água cheia de esgoto do reservatório do Jardim Farina, que recolhe as águas que transbordam do córrego Saracantan. A limpeza das margens do piscinão é feita sempre que a chuva é intensa. Mas o grosso da sujeira, mesmo, só pode ser retirado em época de estiagem, de maio a outubro, quando a lama seca permite a entrada do maquinário. “No verão é impossível limpar o reservatório. Não dá tempo de secar o solo e os caminhões não podem entrar. E quando isso é possível, a situação piora. Porque retiram o excesso, saem lotados de lama e vão infestar as ruas com o mau cheiro”, explica Frigo.
O secretário garante que, para eliminar o risco de doenças, a vigilância sanitária realiza vistorias e ações periódicas nos cinco reservatórios. E, já que o processo de limpeza não é dos mais simples, o jeito é impedir que pessoas invadam os piscinões. “Aqui no município, não temos nenhum piscinão que pode ser usado como área de lazer na época da estiagem. Não é lugar de criança nem de adulto brincar.”
O único piscinão de Santo André, o Grã-Bretanha, estava coberto de mato quando visitado pelos especialistas na semana passada. O Semasa, responsável pela limpeza, diz que, em julho, foram retirados 700 m³ de terra do fundo do reservatório. E que o matagal não compromete a capacidade de contenção de enchentes.
Procuradas, as prefeituras de Mauá e Diadema não se pronunciaram a respeito da manutenção de seus reservatórios, mesmo depois de divulgado o risco de transmissão de doenças e diminuição da capacidade de armazenamento.