23/11/2004 09h10 – Atualizado em 23/11/2004 09h10
CG News
A técnica de contabilidade Marlene Niz Vieira teve uma surpresa desagradável. Ao receber um telefonema do gerente do banco onde tem conta, descobriu desfalque de R$ 2,4 mil. Transações desconhecidas por ela foram feitas nos últimos dias, ao todo cinco operações de liberação de crédito e transferências via internet.
Pelo menos quatro contas bancárias são invadidas por mês em Campo Grande, segundo estimativa do delegado da Polícia Civil, Marco Antônio Balsanini. Ele tem estudado este tipo de crime e afirma que o número cresce conforme a demanda de internautas.
Conforme o delegado, a falta de legislação específica para punição de crimes desse gênero contribui com o aumento de práticas ilícitas pela rede mundial de computadores. O crime é registrado como furto e, em alguns casos, como estelionato, que impõem penas relativamente brandas. O caso de Marlene foi registrado como furto no Cepol (Centro Integrado de Polícia Especializa), em Campo Grande. “E é difícil encontrar os autores”, observa Balsanini.
Geralmente os criminosos são de outros Estados e usam documentos falsos ou roubados para abrir a conta corrente onde o valor será creditado. No caso de Marlene, o dinheiro foi parar em uma conta no Rio Grande do Sul e o banco investiga o caso.
Marlene afirma que faz com freqüência operações bancárias pela internet. “É um meio mais fácil e não preciso sair de casa”, diz ela. A partir de agora, a técnica de contabilidade afirma que vai preferir ter o trabalho de ir a agência para fazer as operações. “Não quero mais correr o risco”, garante. “Nunca tinha ouvido falar sobre este tipo de caso aqui em Mato Grosso do Sul”.
Conforme a advogada Michelle Nacer, o banco deve assumir a responsabilidade e ressarcir o cliente. Marlene teve primeiro que registrar o boletim de ocorrência e um técnico fará perícia no computador dela, para o dinheiro ser devolvido.
A vítima conta que o problema pode ter surgido em um e-mail de origem desconhecida. O hacker usou o nome de uma empresa famosa e ofereceu a ela uma viagem de férias. Ela abriu a correspondência e preencheu com algumas informações. “Não coloquei o número de documentos e da conta bancária”, garante. Mas era o que o hacker precisava, o “mal estava feito”. Conforme o delegado, o programa usado pelo hacker é conhecido como Cavalo de Tróia, um verdadeiro ¿presentinho de grego¿.
Funciona como se a vítima deixasse o computador aberto, vulnerável. A partir daí é só acessar a conta bancária que o vírus invade e copia a senha. O Cavalo de Tróia altera as configurações de página inicial e de busca do sistema de navegação. Já existem ferramentas capazes de remover todas as variantes do vírus. Marlene ainda lamenta ter perdido documentos importantes de trabalho que estavam em seu computador. O vírus invadiu todos os computadores de seu escritório, que estavam em rede.