04/08/2004 08h44 – Atualizado em 04/08/2004 08h44
O governo federal deverá demitir o diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, segundo o jornal O Globo. A medida serviria para desviar a atenção sobre os presidentes do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil (BB), Cássio Casseb, acusados de movimentações financeiras ilegais no exterior e favorecimento do PT.
Pizzolato seria o principal responsável pelo Banco do Brasil ter comprado R$ 70 mil em ingressos para um show de Zezé di Camargo e Luciano, cuja renda foi revertida para o PT comprar sua nova sede em São Paulo. Essa é a principal acusação que pesa sobre Casseb. A oposição pediu ontem a demissão do funcionário. O Planalto diz que as denúncias de irregularidades fiscais não se sustentam e têm motivos eleitoreiros.
Meirelles tem apoio governamental
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para reforçar publicamente seu apoio aos presidentes do Banco Central e do Banco do Brasil. Meirelles e Casseb participaram de reuniões com Lula e ministros ontem para discutir a situação.
No início da noite, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), anunciou que dois senadores irão protocolar hoje um requerimento de convite para o presidente do BC comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para esclarecer sua situação fiscal. No entanto, Meirelles havia dito após a reunião com Lula que estaria disposto a prestar esclarecimentos na CAE.
Casseb explica compra de ingressos
O presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, encaminhou ontem às lideranças dos partidos no Senado um ofício com informações sobre a aquisição, pelo banco, de ingressos para o show da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, realizado no dia 13 de julho, e que arrecadou dinheiro para a construção da nova sede do PT.
A carta é cópia de um ofício encaminhado por Casseb à Comissão de Ética Pública do governo federal e ressalta que o banco não tinha conhecimento de que o show arrecadaria recursos para o Partido dos Trabalhadores (PT). “O evento nasceu por iniciativa comercial e não por demanda partidária, bem como não se tinha conhecimento prévio de que o evento destinava-se a beneficiar o Partido dos Trabalhadores quando as decisões foram tomadas”, ressalta Casseb no ofício.
O presidente do Banco do Brasil afirma que só teve conhecimento do show no dia do evento, e esclarece que compareceu à apresentação da dupla sertaneja com ingresso não adquirido pelo banco o que pode ser comprovado, segundo Casseb, porque todas as 70 mesas compradas pelo banco estavam localizadas juntas. Ele também esclarece que no final de julho a Churrascaria Porcão, onde o show foi realizado, enviou correspondência ao banco devolvendo integralmente os recursos da compra de ingressos.
Casseb também anuncia no ofício que, para evitar a ocorrência de novos casos como o da compra de ingressos para o show, o Banco do Brasil está adotando medidas como a inclusão de dispositivo na política do banco que vede o financiamento de eventos promocionais que beneficiem partidos políticos.
Além disso, segundo Casseb, o banco também vai privilegiar as decisões de promoções de eventos no Departamento de Comunicação e reduzir o poder do Comitê de Administração da Diretoria de Marketing. Outra medida que será implementada pelo banco será o encaminhamento de relatório mensal pela Diretoria de Marketing com o acompanhamento das decisões do órgão.
Fonte:Terra