05/05/2004 14h59 – Atualizado em 05/05/2004 14h59
O deputado estadual Sérgio Assis (PSDB) disse esta manhã, da tribuna da Assembléia Legislativa, que vai propor amanhã que seja realizada uma audiência pública para discutir a situação dos “marreteiros” rurais, que vivem da comercialização do gado entre as fazendas. Segundo ele, a situação desses produtores é “realmente preocupante” já que há uma exigência do mercado europeu de não importar a carne resultante dessa movimentação.
“Há uma política de pecuária em curso que é para se dizimar os pequenos e médios produtores”, criticou Assis, obtendo a solidariedade do presidente da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa, deputado Paulo Corrêa (PL), e dos deputados José Teixeira (PFL) e Onevan de Matos (PDT). “Os grandes se viram. Têm como atender mercado comum europeu, que pensa que criar boi é mesmo que criar galinha, que isso se faz em 40 dias, mas os pequenos, não”, disse Onevan.
Para Assis, hoje é a quarentena e a tendência é que depois para a exigir prazo de 60 dias, 120 dias ou até um ano para aceitar o gado comercializado. “Que produtor tem condições de cumprir essa exigência?”, questinou ele. “Só os grandes e talvez nem eles, mas para eles é menos traumático”, apontou.
“Quero como presidente da Comissão de Agricultura me somar ao seu pronunciamento”, disse Paulo Corrêa. “Dentro de Mato Grosso do Sul estamos liberados para exportar com vacinação. Desse jeito se faz o controle de aftosa. Agora se eu comprar qualquer bezerro, no próprio Estado, se não houve foco de aftosa, então ele tem sanidade. Me parece que está havendo um grande equívoco”, criticou Corrêa. “Nós estamos exportando carne, estamos fazendo o jogo do mercado internacional, mas não podemos nos curvar tanto como Secretaria de Produção esta fazendo”, condenou. “Quem compra bezerro, como vai fazer engordar em 40 dias?”, indagou. “Esse planejamento está sendo feito muito por escritório”, reclamou.
Esta semana vários produtores pequenos e médios, lembrou Assis, foram ao seu gabinete reclamar dessa impotência diante dos empecilhos para a comercialização interna do gado. Em aparte, o líder do governo, deputado Ari Rigo, disse ser testemunha dessa insatisfação, que foi levada ao secretário de Produção, José Antônio Felício.
Para Rigo, a situação é muito preocupante já que pode trazer sérias consequências para o Estado ficar, por exemplo, por um ano sem transação pecuária. “Fica preocupação e vamos trazer o debate, chamar o Felício para nós acharmos uma alternativa, senão isso tudo vai parar”, afirmou.
Zé Teixeira disse que a conversa com Felício trouxe preocupação ainda maior. “Felício disse que tem de cumpir determinação do mercado internacional. Isso é o fim da comercialização de gado no País”, declarou, lembrando que o frigorífico exportador está impedido de comprar o gado sem ter passado pela quarentena, sendo possível até ser excluído da exportação.
“Com frango pode fazer isso porque engorda em 45 dias. Suíno também por engorda em 90 dias. Mas com boi não. Invernista vender por etapa e repor por etapa, pára o Brasil ou o País pára de exportar”, avisou. “É tanta exigência que eu acho que o mecado europeu não quer importar”, emendou.
Assis queixou-se ainda do Iagro que não estaria emitindo nota quando está ocorre movimentação. “Está proibido qualquer tipo de movimentação. E isso tem trazido prejuízo enorme”, protestou. Teixeira explicou, porém, que o Iagro tem apenas carimbado que o gado foi movimentado, o que levado a frigorífico a não aceitá-lo.
“Estão se fechando todas as portas. Não vai haver movimentação. Só vai poder criar, recriar e engordar. Não tem entrada e saída a não ser para o abate”, queixou-se Teixeira.
A líder do PMDB, deputada Simone Tebet, disse, entaõ, que os “marreteiros” têm o direito constitucional de comercializar e ganhar aí seus 5,00 por cabeça. “Esse decreto presidencial (resolução, na verdade) é afronta a quem quer trabalhar e é inconstituiconal, porque fere o direito de propriedade e a livre comercio direito”, afirmou ela.
Fonte:MS Noticias