24/10/2003 09h51 – Atualizado em 24/10/2003 09h51
O advogado de Zequinha Barbosa, Abadio Rezende, enviou nota de esclarecimento ao Campo Grande News rebatendo informações de que seu cliente teria “fugido” do depoimento e desrespeitado a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga casos de exploração sexual infantil em todo o País. Ex-campeão mundial de Atletismo, ele está envolvido em denúncias feitas por adolescente, que garantem ter praticado relações sexuais com o ex-atleta. Segundo Rezende, Zequinha Barbosa sequer foi convocado a depor à CPMI quando as parlamentares que integram os trabalhos estiveram em Campo Grande, no dia 2 de outubro.
“A referida CPMI, ainda que integrada por deputados federais e senadoras e prestando relevantes serviços ao País, não está acima da lei (todos são iguais perante a lei, cf. art. 5º da CF/88) e, se quer ouvir qualquer cidadão, deve convocá-lo regularmente na forma da lei, o que, a bem da verdade, em relação ao ex-atleta Zequinha Barbosa, até hoje a CPMI da exploração sexual não o fez”, descreve a nota.
A única vez que ele soube formalmente do interesse das parlamentares em ouvir Zequinha, diz Rezende, foi através de um fax, enviado pela CPMI, convocando o ex-atleta para depor no dia 21 de outubro, às 14h. O aviso do adiamento da oitiva para o dia seguinte foi informado somente ao entardecer do dia 20. “Portanto, se houve desrespeito foi por parte da CPMI”, relata a nota, constatando que o aviso, feito por telefone, não é reconhecido pelo direito. No entanto, o advogado conta ter enviado documento formal informando as parlamentares da dificuldade de vôo para Brasília no dia 22, além de compromissos profissionais agendados antes da convocação. A respeito disso, a relatora da CPMI “tem o desplante de falar em ‘desrespeito’ e em ‘condução coercitiva pela Polícia Federal”, revolta-se Rezende, questionando até se o objetivo das deputadas não seria, em vez da causa da criança e do adolescente, as “câmeras e os holofotes”. Rezende garante ainda que Zequinha Barbosa se colocou à disposição da CPMI e reafirma a intenção do comparecimento do ex-atleta perante as parlamentares. “Contudo, este está avaliando se responderá ou não às perguntas formuladas pelos membros da CPMI e que tenham relação com o inquérito policial a que responde na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente)”. Isso porque, a exemplo do que houve com os vereadores César Disney (PT) e Robson Martins (PSDB), a atuação da CPMI “é um verdadeiro festival de ironias e comentários maldosos, onde se procura (com a autoridade moral de que estão investidos seus membros) demonstrar que o indiciado mentiu”. Neste sentido, Rezende alega que o julgamento popular antecede qualquer eventual condenação da Justiça. “Com enorme e irreparável prejuízo, especialmente daqueles que vivem de sua imagem!”, esbraveja o advogado na nota de esclarecimento. Na visão do advogado, depor à CPMI serve somente para ferir a honra, a vida privada e a imagem das pessoas, “sem qualquer utilidade social e sem que exista comprovação de culpa”. Há até a possibilidade de Zequinha Barbosa calar-se diante das parlamentares, reservando-se ao direito de falar somente em juízo. “Afinal de contas, teme que suas palavras servirão apenas e tão só para especulação contra seu nome e sua imagem conquistada a duras penas, e com muita honestidade, nas pistas de atletismo do mundo”. Para finalizar, Rezende ainda aponta que este tipo de conduta da CPMI é inadmissível, “como se os demais mortais não tivessem outros compromissos e responsabilidades, senão servir a CPMI”.
Fonte:Campo Grande News