12/12/2002 08h47 – Atualizado em 12/12/2002 08h47
Justiça. Essa palavra estava estampada em todas as camisas, faixas, cartazes e panfletos distribuídos à população pelas cerca de cem pessoas que participaram, na tarde de ontem, de uma passeata exigindo punição para o soldado da Polícia Militar Eduardo Capistrano dos Santos, preso em flagrante após matar, com quatro tiros de pistola, o estudante Gledson dos Santos, no último dia 1º , na rua Rui Barbosa, próximo ao cine Tamoio. Para simbolizar o caráter pacífico da manifestação, a mãe da vítima, Cecília Batista dos Santos, soltou um pombo em frente à Câmara de Vereadores.
Familiares, colegas do Iceia, onde o jovem cursava o 1º ano colegial, e membros do Grupo de Pais de Vítimas de Homicídios do Centro da Criança e do Adolescente (Cedeca), começaram a mobilização por volta das 15h, na Praça Municipal. De lá, partiram em direção ao comando da Polícia Militar, no largo dos Aflitos, onde a tia da vítima, Neusa dos , empunhou o microfone do carro de som e fez seu desabafo: “Viemos protestar contra a violência, que já tirou a vida de muitos de nossos meninos e exigir que esse assassino cumpra sua pena, e não contra a Polícia Militar”, disse.
Para o pai da vítima, Edson Almeida, o criminoso deve ir a júri popular. “Gostaria que as autoridades cumprissem suas obrigações e dessem a pena para esse assassino, que inclusive tem outros crimes cometidos. A justiça tem que ser feita. Hoje foi meu filho, amanhã pode ser o seu, ou de qualquer um, ninguém está livre da violência”, disse.
De acordo com o coordenador de comunicação social da PM, Coronel Siegfrid, o soldado Capistrano é lotado na 40a Companhia do Nordeste de Amaralina, e está preso no batalhão de choque, em Lauro de Freitas. “A corporação já fez a sua obrigação. Assim que o soldado se apresentou para o serviço, no dia seguinte ao crime, foi preso e encaminhado para a 1ª delegacia, onde foi lavrado o flagrante. Agora ele está à disposição da justiça”, explicou o coronel. “Não estamos contra a polícia, queremos que esse marginal seja punido. Ele tirou a vida de um adolescente com todo um futuro pela frente, meu filho ia começar um estágio no Banco do Brasil”, disse a mãe da vítima, Cecília Batista dos Santos, sem conter as lágrimas.
Na noite do dia 1º, Gledson, de 17 anos, que havia ido buscar a irmã na casa dos avós, junto com três amigos, na rua Rui Barbosa, foi abordado por quatro homens, sendo um deles o PM Eduardo Capistrano. Sem qualquer explicação, os adolescentes começaram a ser espancados diante de muitas testemunhas. Sem poder fugir, pois estava com a irmã de 11 anos, Gledson foi atingido na cabeça com quatro tiros disparados pelo PM. O soldado Capistrano está preso no Batalhão de Choque da PM, e os outros quatro acusados estão detidos no complexo de delegacias dos Barris.
Fonte: Correio da Bahia