10/12/2002 08h25 – Atualizado em 10/12/2002 08h25
A poda desordenada, falta de cuidado e plantio irregular estão comprometendo a saúde de boa parte das cerca de 270 mil árvores existentes no perímetro urbano de Dourados. A cidade está entre as mais arborizadas do País.
Nós últimos meses foram registrados dezenas de casos de queda de árvores tanto nas ruas, como nos quintais de residência, principalmente nos dias de vendavais e fortes chuvas, atingindo veículos e a rede elétrica. Por sorte nenhuma pessoa foi atingida até agora. São comuns os casos em que o Corpo de Bombeiros tem sido acionado para derrubar árvores em risco de desabar.
De acordo com o superintendente de Serviços Urbanos da Prefeitura de Dourados, Francisco Ogassy Leite da Paz, o último levantamento sobre a quantidade de árvores plantadas em Dourados foi feito há cerca de seis anos e atualmente não há monitoramento constante. “Não temos hoje esse mapeamento atualizado”, afirmou.
Segundo Paz, vários fatores têm colaborado para o alto índice de queda de árvores, mas os principais são a poda indiscriminada – sem a orientação de especialistas – e o plantio feito aleatoriamente, inclusive de espécies erradas. “Existe o plantio em que as raízes ficam muito próximas à superfície e com isso a árvore perde estabilidade. Em outros casos, a construção de pisos ou calçadas próximo ao tronco impedem a captação de água e o desenvolvimento correto das raízes. As árvores ficam fragilizadas e podem cair”, acrescentou.
As podas só devem ser feitas mediante laudo técnico, que pode ser pedido tanto pelo município, como pela população, quando alguma árvore estiver colocando em risco a integridade física das pessoas ou na iminência de causar danos ao patrimônio.
O serviço é regulamentado através da Lei Municipal 2.286 de 1999, a chamada Lei de Crimes Ambientais, que pune com multa e até processo criminal quem for flagrado fazendo poda indiscriminada. “De posse da autorização, o próprio dono do imóvel pode providenciar o corte”, encerrou Francisco da Paz.
O engenheiro florestal Bernardino Bezerra disse ao Correio do Estado que a poda indiscriminada é a maior responsável pela queda de árvores. “A árvore perde a auto-proteção e acaba sendo atacada, principalmente no período da noite, pelos cupins, que atacam raízes e troncos, causando apodrecimento”, disse ele.
Bezerra reclama que muitas árvores foram podadas de forma irregular ao longo dos anos, principalmente na área comercial da cidade. “Essa poda, além de comprometer a árvore, provoca um desequilíbrio violento, principalmente neste período de forte calor”, acrescentou. Segundo Bezerra, a variação de temperatura desde o pé de uma árvore até a altura de 1,30 m chega a 14 graus centígrados e a umidade relativa do ar aumenta até 50%.
O diretor do Instituto Municipal de Planejamento e Meio Ambiente (Iplan), Luiz Carlos Ribeiro, defendeu ontem a idéia de um monitoramento das árvores de Dourados, para se ter um controle maior sobre a situação. “Seria interessante realizar até um inventário das árvores com informações sobre idade, espécie e até doenças”, afirmou.
Fonte: Fábio Dorta/Correio do Estado