05/05/2006 14h13 – Atualizado em 05/05/2006 14h13
MARIANA BERTOLUCCI
Eles são tão maníacos por Lost que toparam sair de casa no frio feriado de 1º de maio só para posar para a foto ao lado (como se a prainha do Gasômetro fosse Oahu, no Havaí, cenário do seriado, e eles encarnassem personagens como o mocinho Jack, a bela Kate e o adorável canalha Sawyer). Sucesso de audiência nos EUA e no Brasil, o programa cativou tanto os gaúchos Anna Julia, Bruno, Cristine, Daniel e Débora que até – vejam só a ironia – já deixaram de sair de casa com os amigos só para acompanhar as aventuras dos sobreviventes da queda de um avião em uma misteriosa ilha do Pacífico. Os fãs que o Patrola encontrou conheceram Lost quando a Globo mostrou nas férias de verão a primeira temporada (já lançada em DVD) – obtendo um baita ibope, mesmo sendo de madrugada. Agora, eles assistem ao segundo ano da série no canal pago AXN, que exibe os episódios nas segundas, às 21h (ou conferem a reprise das manhãs de terça, às 11h, como o Daniel Moura, 19 anos, que tem aula nas noites de segunda). Mas a Débora Vives, 18, não gosta de esperar. Está sempre uns dois episódios à frente, porque baixa da Internet os capítulos já levados ao ar nos EUA – no caso dela, com legendas em espanhol, mas há quem ache em português também. – Impossível esperar, porque tudo me dá uma agonia – justifica Débora, falando do tom de suspense do seriado, com toques sobrenaturais. Cristine Carmiel, 23, que assiste em DVDs aos episódios baixados por um amigo, completa: – Você nunca sabe o que vai acontecer! É fora dos padrões, e isso aguça a curiosidade. Cristine é nossa personagem que assume: já deixou de sair com a turma para ver Lost. E mais: ela acabou convertendo alguns dos amigos. – Emprestei os DVDs e passamos a nos reunir para comentar a série. Já Bruno Sempé, 19, é fiel à programação da TV: – Ver vários episódios de uma vez não tem graça. Opinião compartilhada com Anna Júlia Amaral, 15: – Gosto da expectativa que fica a cada final de episódio. Anna Júlia coleciona as notícias que saem sobre a série, que cola em um mural, e gravou como mensagem de apresentação do celular os famosos números com os quais o gordinho Hurley ganhou na loteria (4, 8, 15, 16, 23 e 42), e que também são o misterioso código de segurança do abrigo que os personagens encontraram na segunda temporada. A mãe da guria pega no pé dela, porque às vezes ela deixa de estudar por causa de sua paixão. – Passei uma semana inteira vendo e revendo Lost. Minha mãe fica mais louca ainda porque dou uns gritos estranhos. Teorias Como qualquer fã de Lost, a gurizada gaúcha tem lá suas teorias sobre o que acontece na ilha. Cristine, que adora o humor sacana de Sawyer, chegou a acreditar que todos estavam mortos. – Agora acho que é mesmo uma experiência científica. Mas talvez minha opinião mude daqui a alguns episódios! Bruno diz que o tom sobrenatural é só para confundir: todos ali estão vivos. Débora, que curte a mistura de encanto e agressividade de Kate, concorda – mais do que vivos, todos são pessoas normais. – Esse é o segredo da série, os personagens têm histórias boas, ruins e fortes para contar. Fã de Locke, Daniel pondera: – Tem coisas que são por demais improváveis, como o Locke ser aleijado e de repente sair andando. Mas, se não houvesse esse clima de mistério, a série não faria tanto sucesso. – Gosto porque explora a reação do ser humano em situações-limite – diz Anna Júlia. – Mexe com os sentimentos. Do público também – a guria confessa que chorou muuuito quando um dos principais personagens morreu.