01/04/2006 17h58 – Atualizado em 01/04/2006 17h58
Uol
Deu empate no primeiro dos dois Gre-Nais que decidem o Campeonato Gaúcho 2006. Na tarde deste sábado, num estádio Olímpico lotado, o clássico acabou em 0 a 0, e com isso Grêmio e Inter vão para o confronto final, marcado para o domingo do próximo final de semana, em igualdade de condições. A única vantagem do Colorado será a de decidir a competição em casa. Como era esperado, a partida foi disputada sob uma aura de muita tensão, com brigas entre os torcedores nos arredores do estádio, desde o começo da tarde, e com lances de muita rispidez dentro de campo. O fato de que desde 1999 os dois rivais não chegavam a uma final do Estadual, determinou um clima exagerado de hostilidades. Com o resultado deste sábado, no segundo jogo um empate com igual placar levará a decisão para uma prorrogação de 30 minutos e, persistindo o empate, pênaltis. De acordo com o regulamento da competição, gol marcado no campo do adversário é “qualificado” e serve de critério para desempate em caso de o saldo simples ser o mesmo. Grêmio e Inter não se enfrentavam desde outubro de 2004. Naquela oportunidade, pelo Brasileirão, o Inter fez 3 a 1. A partida foi disputada no Olímpico e o resultado ajudou a empurrar o Grêmio para a segunda divisão do futebol brasileiro, fato que determinou o jejum de 17 meses sem clássicos. O jogoO Grêmio fez tanto mistério, escondeu tanto a escalação, que o time só foi conhecido quando entrou em campo, inclusive com atraso, pois o Inter já estava há vários minutos aquecendo, à espera. E com uma formação totalmente inesperada, o time tricolor surpreendeu nos instantes iniciais e, mesmo com um esquema teoricamente mais defensivo, foi quem tomou a iniciativa de ataque. A marcação gremista era forte, intensa, e o Colorado não conseguia sequer se aproximar da sua área. Ao mesmo tempo, com sua postura mais objetiva e eficiente, ainda assim o dono da casa não conseguia criar uma chance mais clara de gol. Limitava-se a levantamentos e chutes de longa distância, sem maior perigo para o goleiro Clemer. A primeira grande oportunidade do Gre-Nal, entretanto, foi favorável ao Inter. Aos 23min o volante Lucas saiu mal, Fernandão roubou a bola e fez o passe para Michel, que invadiu a área e, na cara de Marcelo Grohe, bateu desviado, à esquerda da meta. Chance clara, desperdiçada.O Grêmio se assustou após aquele lance. De tal forma que aos 29, após cobrança de escanteio, Fernandão cabeceou com muita força, Marcelo deu rebote e Iarley, na pequena área, errou a meta, com o goleiro adversário totalmente fora do lance. Aos 32, num choque com Patrício, o volante colorado Perdigão perdeu um dente. A partida passava a viver momentos de agressividade. Na seqüência o atacante Michel e o zagueiro Evaldo chegaram a trocar empurrões, mas o árbitro Carlos Simon e seus auxiliares não viram o lance, e ninguém foi punido. O último momento de perigo da primeira etapa do jogo ocorreu aos 40, num cruzamento da ponta-direita, que Tinga, bem colocado, cabeceou à direita da meta gremista. Abel Braga, apesar de o seu Inter ter criado as chances mais claras de abrir o marcador, não estava satisfeito com o desempenho de seus comandados. “Estamos mal posicionados, fazendo o jogo deles, marcando a bola, e deixamos o Lucas ser o melhor em campo”, reclamou. O volante gremista, desconhecendo o destaque que lhe foi conferido revelou antes de chegar ao vestiário que queria mais: “Temos de trabalhar mais, voltar mais compactados”.O sempre ofensivo Abel voltou com um meia-atacante, Márcio Mossoró, no lugar do volante Perdigão, mas logo no primeiro minuto do segundo tempo foi o Grêmio quem assustou. Alessandro, com liberdade, bateu de fora da área e a bola passou perto do poste direito. O lance incendiou a torcida tricolor e, no minuto seguinte, Ricardinho invadiu a área pela esquerda e obrigou Clemer a uma defesa extraordinária. O Tricolor começava surpreendentemente em cima do Inter e os ânimos se acirravam. Aos 8min, numa investida de Ricardinho pelo lado esquerdo da grande área, Ceará o acompanhou e na visão gremista, Ceará o teria empurrado, o que seria pênalti. Mas Carlos Simon, próximo ao lance, mandou o jogo seguir. Era um confronto totalmente diferente, com um Grêmio visivelmente superior a um inimigo que não conseguia sequer ameaçar contra-ataques. Essa nova situação fazia crescer o entusiasmo dos torcedores tricolores e a gritaria das arquibancadas causou descontrole nos atletas. Como conseqüência, aos 14min, Alessandro entrou forte numa dividida, acertou Fabiano Eller com violência, e como o zagueiro do Inter revidou, tentando agredi-lo, ambos foram expulsos. Com 10 jogadores para cada lado, os treinadores decidiram fazer mudanças para reestruturar as equipes. Abel decidiu se resguardar e mandou o volante/zagueiro Edinho no lugar de Iarley. E Mano Menezes, pelo lado gremista, optou pela inclusão de Tcheco e substituição a Ramón. O Grêmio cada vez mais encurralava o adversário e parecia bem próximo da abertura do placar. Mas Rafael Sobis, atacante colocado no lugar de Michel, começou uma reação que voltou a trazer equilíbrio ao Gre-Nal. Aos 33min Herrera, colocado pelo treinador do Tricolor no lugar de Marcelo Costa, recebeu cruzamento da direita e, diante de uma meta desguarnecida, pois Clemer saíra mal do gol, cabeceou por cima, desperdiçando ótima chance de marcar. Nos instantes finais a pressão se manteve sobre a meta do Inter, contrariando a lógica que apontava esse como superior e favorito. Mas continuou faltando objetividade e o jogo acabou em 0x0, placar que não ocorria desde 2003.