30/07/2004 08h21 – Atualizado em 30/07/2004 08h21
A ferrugem da soja do tipo asiática é apontada por técnicos e pesquisadores como uma “grande” ameaça para a próxima safra de soja. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados, Fernando Paiva, disse ao Diário MS que os fungos estão espalhados pela região.
“Como a ferrugem foi detectada na última safra, isso significa que fatalmente ainda está presente”, explicou ao dizer que durante a entressafra, a doença sobrevive em plantas “hospedeiras”, como o feijão, fava e até a soja guacha (sementes germinadas após a colheita). O pesquisador afirma que existem pelo menos 90 espécies capaz de “abrigar” a ferrugem até a próxima safra.
A doença foi detectada pela primeira vez na região sul do Estado no ano passado. A doença, segundo a Embrapa, atingiu praticamente todas as lavouras. O estrago só não foi evidenciado porque a seca arrasou a produção. A ferrugem é um fungo de fácil multiplicação, fator que preocupa os pesquisadores, já que o vento pode levar a doença para plantações vizinhas. No Estado, apenas em Chapadão do Sul a havia registros anteriores.
“A situação é muito preocupante porque não existem ações preventivas”, disse Ângelo Ximenes, presidente da Aeagran (Associação dos Engenheiros Agrônomos da Grande Dourados). Ele conta que a única alternativa é fazer o monitoramento das lavouras e entrar com a aplicação de fungicida assim que a doença é constatada. “O acompanhamento permanente é a única forma de reduzir os prejuízos”, explica. Nas contas de Fernando Paiva, a cada semana sem o combate da doença, a produtividade da lavoura contaminada cai em média 10%.
Segundo o pesquisador, as plantas perdem força e os grãos não se desenvolvem. O controle com fungicidas é considerado caro, porém eficaz.
A queda na produtividade depende do estágio em que a lavoura foi afetada pela doença. Dependendo do nível de infestação, são necessárias três aplicações de fungicida para controlar o avanço dos fungos. Em todo o país, segundo a Embrapa, a ferrugem da soja contaminou 3,4 milhões de toneladas do grão e foi responsável por prejuízo de US$ 750 milhões na safra 2003. Somente com fungicidas e equipamentos foram gastos US$ 1,3 bilhão. Este ano, os números do prejuízo causado pela ferrugem se misturaram com os da seca.
Fonte:Diário MS


