18/01/2006 13h37 – Atualizado em 18/01/2006 13h37
Midiamax News
O crescimento do futebol empresa como investimento de alta viabilidade econômica nos últimos anos, não faz parte do cotidiano do esporte no Mato Grosso do Sul. Sem torcedores nos estádios e poucos investimentos, a recuperação do futebol do Estado que chegou a ocupar posição de destaque na década de 70, sonha com sua recuperação após a notícia de que um dos maiores grupos empresariais do Estado irá patrocinar o Operário Futebol Clube S/A. “É um fato muito importante para o futebol, não apenas para o Operário, para toda a cadeia do esporte”, é o que diz o diretor e presidente do Operário Futebol Clube S.A, Roberto Wolf, que também é superintendente da FIEMS (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul).Embora o time não ganhe um título estadual há dez anos e nem saiba qual foi a sua classificação no último campeonato brasileiro da Série C que participou, em 2005, ainda ocupa o 36º lugar no Ranking da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), deixando para trás clubes até da segunda divisão. Mas para Roberto Wolf, o fato inédito no Estado, faz lembrar que o futebol é um grande negócio, no mundo inteiro e no Brasil nos últimos anos também vem crescendo. “Existem muitos empregos direitos e indiretos envolvidos neste esporte, além da inclusão social”, e acrescenta, “se olharmos o que vem ocorrendo nestes últimos 15 dias após o anúncio do contrato, muitos patrocionadores estão observando o esporte com outros olhos e todos nós estamos muito animados com essa recuperação”, justifica. Para Wolf o patrocionador também ganha, com credibilidade, podendo formar atletas e lucrar com a venda dos talentos revelados, mas acima de tudo, “demostrando responsabilidade social, pelos empregos que gera”, esclarece. O dirigente não esconde o momento ruim que o esporte atravessa no Estado, e diz que a presença de um investidor de peso atrai novos parceiros. “Para o esporte e também para o investidor”, e acrescenta, “por isso o momento que atravessávamos, é muito importante. O futebol estava decadente, e agora temos novas expectativas”, desabafa. O futebol, lembra Wolf, é uma cadeia de serviços que engloba uma série de outras atividades, “não é apenas 22 atletas correndo atrás de uma bola, existem toda uma cadeia econômica sendo movimentada”, esclarece. Contrato No entanto, para conseguir atrair novos patrocionadores para o setor, os times precisam estar organizados e também elaborar um bom cronograma de investimentos. “Foi apresentado um projeto para o grupo Correio do Estado com investimentos de médio, curto e longo prazo. Em 15 dias a empresa deu a resposta positiva”, comemora Wolf. O contrato firmado é de seis meses, mas renovável por igual período segundo o dirigente. “Além dos investimentos de R$ 400 mil, o grupo fará a divulgação publicitária, além de garantir a formação de novos atletas”. A temporada do campeonato estadual começa no 29 de janeiro e vai até 25 de junho. O campeão e o vice representam o Estado no campeonato brasileiro da série C e copa do Brasil, promovidos pela CBF. Mas após estes primeiros 6 meses já está acordado com o patrocinador mais 20 amistosos, além da estruturação dos selecionados de sub-15 e sub-17. “Não tínhamos previsão nenhuma antes, após cada campeonato dispensávamos quase todos os jogadores, ficávamos com quatro ou cinco jogares, era uma pena, mas não podíamos ficar com os jogares”, lembra Wolf. Pelo contrato, o patrocinador deve liberar mensalmente R$ 30 mil para as despesas do clube, além dos demais investimentos que totalizariam os R$ 400 mil. “Estamos discutindo um local novo para o Clube, com centro de treinamento e acomodações adequadas para jogares, bem diferente do que temos hoje, mas isso ainda vai ficar para outro momento”, declara Wolf. Quando a possível interferência do patrocinador na gestão do clube, o presidente garante que a administração será “exclusivamente” da diretoria do operário, tendo participação na diretoria apenas sobre a entrada de novos parceiros. “Ficará sob o endosso do Grupo, quer terá o poder de veto”, explica. O próximo jogo do Operário, com novo patrocinador, será no dia 29, às 16 horas, no Estádio Moreninha, contra o Águia Negra, de Rio Brilhante. Mas os amistosos do Operário já estão sendo gravados pela equipe do canal do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), que também faz parte do grupo investidor. “Sabemos que vai ter um novo programa de televisão dedicado ao esporte”. O campeonato estadual não tem os direitos de transmissão concedidos a nenhuma emissora de TV. Quanto as dívidas do Operário, o Presidente diz que um advogado está trabalhando para levantar o valor “exato” das dívidas. “Ainda não temos os valores porque pedimos para que estes valores fossem atualizados, mas a maior parte é composta de tributos, impostos e ações trabalhistas”, e acrescenta, “nosso advogado está levantando este valor e vamos apresentar uma proposta de pagamento para honrarmos estes nossos compromissos”. Quanto a decadência do esporte no estado, para o dirigente, a principal causa foi a falta de planejamento, mas agora espera que “vai começar a ter”. “Os clubes estão mais organizados e a federação também está se modernizando, lógico que temos que discutir a renovação de nomes, mas isso faz parte de muitas outras coisas que ainda temos que resolver”, e acrescenta, “temos que resolver uma coisa de cada vez, e o que existe hoje são novas pessoas, gente do interior também estão participando, e temos que ir, lógico que temos que dar uma visão empresarial, planejamento, mas tudo no seu ritmo”, explica. Para Wolf, o futebol do estado tem a oportunidade e este é o momento para sair do zero para o futuro, e um bom exemplo dentro do estado é a federação dos clubes de laço como um esporte bem organizado pode crescer. “Eles são um dos maiores exemplos de organização para Estado e para o País, atrai mais público que o futebol”, e acrescenta, “mas agora vamos recuperar o nosso público”, destaca. Outro ponto que o dirigente faz questão de esclarecer a população é que desde 2000 o Operário Futebol Clube S.A., clube filiado à federação estadual de Futebol e a CBF, é o responsável pelo “negócio futebol” do Operário, ao contrário do seu acionista, Operário Futebol Clube, que possui apenas 10% das ações da empresa e que apenas faz ações sociais. “Fazemos questão de dar este esclarecimento para que a imprensa para não tenha dúvida de quem está a frente do time do operário nos campeonatos e pelos selecionados de base”, finaliza.